sábado, 18 de janeiro de 2014

Trânsito, radar e "bom senso" (parte 7)

Por motivos de força maior, deixei pendente por muito tempo o desenvolvimento deste tema (e do blog). Retomo as duas coisas agora. O texto merece alguns reparos, mas trata-se de um e-mail, não de um artigo; então preferi preservar muitos dos defeitos típicos da escrita informal e apressada do correio eletrônico. Merece reparo também a descrição que faço de uma via pela qual trafegava diariamente na época do texto. Muita coisa mudou desde então: sinalização, limite de velocidade, fiscalização eletrônica (na verdade, a ausência dela)... Para melhor, mudou o comportamento dos motoristas: embora muitos ainda não respeitem a faixa, a maioria também não quer mais assassinar quem dá a devida preferência ao pedestre. Já é um ganho e tanto.

----- Original Message -----
From: Rosivaldo Fernandes Alves
To: c.@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, September 27, 2007 10:01 PM
Subject: RES: [c.] Re: Off-topic: Semana de trânsito


F., :-)

A SMTT e a polícia não são equivalentes. Analogia não é equivalência. Uso analogia para esclarecer: o cidadão tem deveres para com os outros cidadãos, que devem ser cumpridos mesmo que o governo não cumpra sua parte, e os cidadãos devem exigir punição para o cidadão que descumpre seu dever para com os outros cidadãos. O que toda a imprensa sergipana fez, como também faz esse discurso de dizer que radar não deveria existir enquanto a SMTT não fizer sua parte, é exigir impunidade para os infratores. E essa impunidade é exigida porque nossa sociedade tem uma cultura que privilegia a impunidade, o passar a mão na cabeça, o dar um jeitinho. E nós temos essa cultura porque nossa indiferença para com as leis é tão generalizada que sabemos que mais cedo ou mais tarde todos nós vamos precisar dessa condescendência. Então, todos somos "compreensivos" com os que "erram", já que qualquer um de nós poderia estar no lugar deles.

Repito: não sou um alienígena. Eu dirijo, e vejo o que os outros motoristas fazem no trânsito. 90% deles jamais poderiam sair de casa e voltar sem ter ao menos cinco multas nas costas. E isso nada tem a ver com má sinalização. Seu exemplo, embora corretíssimo, nada tem a ver com o que ocorre no dia a dia. No São Conrado, todo santo dia passo por um trecho em que os motoristas são avisados centenas de metros antes, duas vezes, dos dois lados da pista: velocidade máxima, 40 km/h. Pelo simples fato de que à frente o condutor vai passar por uma área estreita, com grande aglomeração e movimentação de pessoas, travessia de pedestres, inclusive crianças indo à escola e voltando dela, além de pontos de ônibus em calçadas estreitas de uma avenida curva. Passo o primeiro aviso, ninguém reduz pra 40. Desculpe-me a presunção: apenas eu. Passo o segundo: reduzem, apenas porque à frente há uma lombada eletrônica. Não querem que o radar os pegue. Imediatamente após a lombada eletrônica, há uma faixa de pedestres à qual ninguém obedece. Porque ninguém obedece, há um quebra-molas imediatamente após a lombada, o que é a maior prova do nível troglodita de nossa civilização. Como o quebra-molas não é suficiente para os motoristas terem a decência de parar para os pedestres que desejam atravessar a rua, frequentemente é necessária a presença de agentes de trânsito parando os carros à força, para que a faixa seja respeitada. Não me venha falar que nossos motoristas fazem absurdos pela falta de sinalização. Essas coisas são pura e simples falta de educação mesmo.

Eu sou um dos pouquíssimos imbecis que para em toda faixa de pedestres sempre que algum quer atravessar. O direito é dele. Ninguém jamais bateu no fundo do meu carro, porque eu tomo a precaução de reduzir com antecedência e observar se posso parar com segurança. Inúmeros motoristas já me deram buzinaços e já fui alvo de inúmeros xingamentos. No mesmo São Conrado, há mais duas faixas de pedestres além da que fica junto à lombada. Paro nessas também. Um dia, um motorista de um carro da SMTT me deu um buzinaço, me xingou e sinalizou que era absurdo eu parar em duas faixas de pedestres consecutivas, atrapalhando o precioso parcurso dele. Coisas como essa só confirmam o que eu estou careca de saber: dos supostos "cidadãos" (as aspas são porque nós não temos esse tipo de coisa de verdade por aqui) aos agentes públicos, todo mundo só está preocupado com o próprio umbigo. Todos se lixam para o "outro".

Eu não fico incondicionalmente ao lado da lei. Fico incondicionalmente ao lado do direito, da justiça e da ética. Tenho inteligência suficiente para perceber quando uma lei é absurda e sou capaz de denunciá-la por isso. Não me falta bom senso. O que eu tenho é educação.

Um abraço,

Rosivaldo.
[P.S.]: No São Conrado, há placas que indicam a presença das faixas de pedestres com bastante antecedência, bem como ao lado das próprias.

-----Mensagem original-----
De: c.@yahoogrupos.com.br [mailto:c.@yahoogrupos.com.br]Em nome de R. de A. R.
Enviada em: quinta-feira, 27 de setembro de 2007 10:53
Para: calicomp@yahoogrupos.com.br
Assunto: Re: [calicomp] Re: Off-topic: Semana de trânsito

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