sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Quem sempre comeu melado...

Recentemente, resolvi escancarar toda minha revolta com o PT e os defensores de seus mensaleiros, que foram devidamente condenados pelo STF. Não tão devidamente: para alguns, a pena até aqui fixada é leve. Pensar assim me causa dissabores e me granjeia antipatias. Temo que seja pouco. Porque, se depender de minha forma de pensar, ficarei com poucos amigos.

É que não me conformo também com o retorno de quem já deveria estar politicamente morto há muito tempo. Pior: essa gente voltou cavalgando o discurso da ética, bandeira conveniente para se usar contra o PT nos dias de hoje. Tristemente, vi amigos meus, antipetistas, fazendo campanha - e em nome da ética! - pra políticos que são exemplos históricos de tudo que já deveríamos ter deixado pra trás. Pra ficar em exemplos próximos, cito ACM Neto em Salvador e João Alves Filho em Aracaju, recém-eleitos prefeitos dessas capitais.

Queria ter desenterrado o texto abaixo antes de concluídas as eleições. Não foi possível. Se bem que não faria diferença, eu sei. Espero servir ao menos como reflexão post mortem. É um texto antigo, mas, infelizmente, não anacrônico. É só ler DEM onde escrevi PFL. Na época, a mudança de nome era coisa recente.

É uma pena verificar que a derrota do PT e seus aliados nada teve a ver com a superação de um modo espúrio de fazer política.


----- Original Message -----
From: "Rosivaldo Fernandes Alves" <r.@...>
To: <f.@...>
Sent: Monday, October 13, 2008 8:38 AM
Subject: Re: [Q.V.] Olára! Após as eleições municipais


C.,

O comportamento do PFL/DEM durante o governo Lula tem sido realmente surpreendente, num determinado aspecto. "Nunca antes na história desse País", o PFL, por qualquer nome que tivesse, tinha sido oposição. Não esqueça: a galera do DEM de hoje apoiou todo e qualquer um que estivesse no poder, pulando fora de qualquer barco prestes a afundar para imediatamente embarcar no próximo a assumir a dianteira. Reconheço que essa "coerência" o PFL sempre teve.

O fato do PFL não ter aderido ao governo Lula quando este assumiu foi uma surpresa não só pra mim. Na época, antes de Lula ganhar dizia-se no meio político que, quando isso acontecesse, o PFL seria governo e o PT, oposição. Eram papéis que estavam no DNA dos dois partidos...

Mas eis que o PT mostrou-se mais "adaptável". Apesar de, no início, a base do partido ter feito oposição à "continuação da política neoliberal" que Lula implementava, Dirceu e companhia calaram a oposição petista. Depois, foi o que todos vimos. O PT descobriu quão doce é o poder, e isso mudou o DNA do partido, que virou um novo PMDB: um saco de gatos, apto a acolher qualquer canalha que o ajude a ter votos.

Como você vê, minha avaliação do PT é extremamente negativa. Infelizmente, não enxergo o PFL sob melhor ótica. Quando o PT subiu ao poder, até o PSDB, por questão de coerência programática, fez oposição muito moderada. Até ajudou o Lula em votações nas quais o PT e aliados de esquerda preferiam deixá-lo na mão. O PSDB só passou a bater forte em Lula e no PT a partir do escândalo do mensalão. O PFL, não. Desde o começo fez oposição aguerrida ao PT, mesmo quando este não dava nenhuma evidência de corrupção. Mesmo quando a política deste era basicamente a de FHC. Nesse aspecto, o DNA do PFL demonstrou-se menos mutável.

Na minha opinião, o que o PFL nunca suportou em Lula e no PT, o que fez o PFL ignorar até mesmo sua essência adesista, foi o fato do PT ser um governo de esquerda, e de Lula ter uma origem operária, sindical. Isso nada teve a ver com mensalão. O mensalão foi uma oportunidade conveniente para o PFL adotar a "ética" como razão convincente pra ser tão ferrenho em sua oposição ao Lula e ao PT. O mensalão caiu do céu para o PFL, que vislumbrou o cenário de ser ver livre da "raça" petista por pelo menos trinta anos. Antes do mensalão, o PFL não sabia o que fazer para conquistar a opinião pública.

Essa ojeriza pefelista a Lula, ao PT e à esquerda em geral vem do DNA estritamente elitista, coronelista, patrimonialista do PFL. Essa "raça" nunca suportou a idéia de ver o povo alcançar o poder, obter autonomia, dirigir o próprio destino. Os pefelistas (ACM, João Alves e assemelhados) sempre se gabaram de ser grandes realizadores, mas jamais realizaram coisas realmente voltadas a tornar o povão mais autônomo, mais educado, mais saudável, mais consciente, mais culto, menos dependente dos grandes padrinhos e coronéis. Com o fim da ditadura, o lema deles sempre foi: "tudo pelo povo, desde que ele não esqueça quem manda".

Para uma mentalidade dessas, o governo de um ex-operário-sindicalista, símbolo maior do maior partido de esquerda, ainda que hoje esse partido e seu governante sejam apenas uma caricatura daquilo que já simbolizaram, é o prenúncio de uma coisa que o pefelê jamais suportou: o povo, a maioria, os pobres, os mal-instruídos, os "inferiores" no poder. O PFL apoiou todos os governos anteriores porque eram governos de elite: militar, coronelista, empresarial, intelectual, o que fosse, mas elite. O último governo de esquerda que este país teve antes de Lula foi derrubado por um golpe em 64, golpe ao qual o PFL, com nomes de UDN e PSD aderiu alegremente.

Até a corrupção do PT, se deu um pretexto "digno" ao ódio pefelista, também ofende ao PFL de um modo bem curioso: "Quem essa ralé pensa que é pra se achar no direito de roubar um dinheiro que sempre foi nosso"? Os governos do PFL sempre foram antros de corrupção desmedida. Eles não têm nenhuma autoridade moral para condenar o PT.

Como você vê, C., minha visão do DEM não é nada positiva. É até pior do que minha opinião sobre o PT. Eu nunca quis ir fundo nessa minha visão por dois motivos: não sou palmatória do mundo, prefiro ter amigos a estar certo (às vezes), e o quiosque é um "público" ridiculamente pequeno pra eu ficar gastando meu verbo e meu tempo numa cruzada quixotesca. Já bati de frente com G. por causa de Lula. Não queria bater de frente com você. Suponho que você tenha motivos mais pragmáticos pra ter aderido ao então PFL, e espero que você não tome minhas críticas ao partido como críticas pessoais. Não quero estragar nossa amizade, que mesmo distante e tênue tem muito valor pra mim.

Por último, apelo a sua consciência. :-) No passado, você já foi um democrata, no real sentido do termo, e muito provavelmente concordaria com cada palavra que escrevi.

Um abraço,

Rosivaldo.

-----Mensagem Original-----
De: C. J.
Para: f.@...
Enviada em: terça-feira, 7 de outubro de 2008 08:54
Assunto: Re: [Q.V.] Olára! Após as eleições municipais


H. R., o mais "ingraçado" é que lendo sobre esses critérios e, na coluna seguinte, lendo que o PT deverá apoiar o outro candidato, por questões de alianças partidárias, mesmo contra a vontade do Lularápio (como ele mesmo diz que o edurdo bateu muito nele), chego realmente a conclusão que o DEM é o único partido que segue suas origens e sua orientação, não importa qual seja.

 C. J.

Trânsito, radar e "bom senso" (parte 6)

----- Original Message -----
From: R. de A. R
To: c.@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, September 27, 2007 10:53 AM
Subject: Re: [c.] Re: Off-topic: Semana de trânsito


Eu sou F., apesar de meu nome não ser esse... história antiga. Depois eu respondo o resto pq eh grande, mas sobre o primeiro ponto:
Ao meu ver SMTT e polícia não podem ser equivalentes em suas áreas, se um cara saí nu pq nao sabia q era proibido, a policia nao eh culpada, mas se um cara vai na contra-mao pq não tinha placa avisando na rua ao pra mim a culpa eh da SMTT por não sinalizar.
"Não estou do lado da SMTT, estou do lado da Lei", vc fica incondicionalmente sempre ao lado da lei? Então deve ser a favor de cancelar um casamento pq a noiva não é virgem, ou se esforçar um bocado pra fazer um morto no trânsito realizar o exame do bafômetro e prender ele (mesmo morto) caso esteja bêbado... afinal eh a lei e vc está do lado dela. Eu estou do lado do meu bom senso (sendo ele errado ou não). :-)
Depois eu leio o resto e comento se for conveniente.


sábado, 13 de outubro de 2012

Trânsito, radar e "bom senso" (parte 5)

----- Original Message -----
From: Rosivaldo Fernandes Alves
To: c.@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, September 27, 2007 8:20 AM
Subject: RES: [c.] Re: Off-topic: Semana de trânsito


Grande R.,

Que bom que você gostou do meu texto. Muito obrigado. Só tem um probleminha: quem é F.? Não consegui localizá-lo nas mensagens do C. :-)

Mas vejo que meu ponto de vista encontra certa resistência. Tudo bem, eu não almejo a unanimidade, senão não teria o que escrever. Mas eu gostaria de elaborar um pouquinho o assunto, tornando-o mais concreto. Espero que você tenha paciência de ler.

Primeiro: "antes de pensar em cobrar dos motoristas (...), deve ser realizada uma reengenharia (...)". Não quero ser repetitivo, mas preciso insistir: minha preocupação é com o cidadão, o condutor, o pedestre. Enfim, com o lado de cá do problema. Sou motorista e sei o quanto é ruim nossa engenharia de trânsito, isso todo mundo sabe. Tenho queixas enormes contra a SMTT e o Detran. Mas sinceramente acho que esse não é o pior problema. O pior problema está na falta de consciência dos condutores, que em sua imensa maioria adotam uma postura agressiva e imprudente no trânsito, independentemente das condições, de péssimas a ótimas, das vias em que transitam. Não estou do lado da SMTT, estou do lado da Lei. Quero fazer uma analogia: todo mundo sabe que a omissão dos governos em relação à educação, à saúde, ao emprego, ao saneamento básico e à segurança são um terreno fértil para o crescimento do crime. Não se pode daí concluir que a polícia só deve prender criminosos depois que o governo cumprir sua parte em prover educação e emprego pra todos. Pelo mesmo raciocínio, não se pode exigir que condutores infratores só enfrentem conseqüências legais depois que tudo o mais no trânsito estiver em ordem. Se as condições são ruins, o motorista deve ser ainda mais prudente. Não menos.

Segundo: "semáforos de 100 em 100 metros". Cara, isso é horrível, mas pense, por exemplo, na Barão de Maruim: que fazer com todos aqueles cruzamentos? Tirar os semáforos? Você acha que isso os tornaria aqueles cruzamentos mais seguros pra todos? Não sou engenheiro de trânsito, mas consigo supor que a solução pra isso requereria um investimento gigantesco em viadutos ou coisa parecida. Qual a alternativa? Fechar todos os cruzamentos pra tornar a Barão livre e desimpedida? E quem trafega transversalmente? Se vira como? Dá voltas imensas? Ou alguém sai muitíssimo prejudicado na história ou todos terão de se conformar em compartilhar as vias e cada um aguardar a sua vez. Se você tem cruzamentos a cada 100 metros, é claro que você tem de andar a menos de 60, com ou sem semáforo, com ou sem radar, com ou sem guarda. Senão, a carnificina será inevitável.

Sobre o acidente com morte a capotamento: ninguém capota a 30 por hora. Claramente, a velocidade esteve envolvida no problema. Não estou dizendo que se tratou de velocidade excessiva. Ocorre que, se a sinalização é precária, o condutor precisa ser ainda mais prudente, não menos. É uma regra trivial de segurança no trânsito.

Vou lhe dar um exemplo: quando trafego por um bairro pouco conhecido, procuro atentar ainda mais para a sinalização. Sigo bem mais devagar do que de costume, e jamais passo num cruzamento sem reduzir o suficiente para ter tempo de evitar, ou ao menos minimizar, uma colisão lateral, ainda que eu tenha a preferência. Se não há sinalização, e isso ocorre muitíssimo, suponho que não tenho a preferência, e só passo se tiver certeza de que o caminho está livre. Ninguém morre (de tédio, de raiva, sei lá) fazendo assim. Sei que não é divertido nem emocionante, mas dirigir não é pilotar. Pilotagem se faz num autódromo ou numa via isolada e destinada para tal.

Finalizando, acrescento que minha preocupação não é com velocidade. É com infração, qualquer que seja ela. É com o desejo de impunidade, com o olhar apenas para o próprio umbigo e desejar uma via sempre desimpedida, livre de obstáculos, tais como pedestres, ciclistas, motociclistas, outros carros, semáforos, radares, guardas, multas e tudo mais, sem lembrar que o trânsito civilizado requer constante preocupação com o outro. Não estou te acusando de nada disso, só estou esclarecendo o foco de minha "cruzada". :-)

Um abraço,

Rosivaldo.



-----Mensagem original-----
De: c.@yahoogrupos.com.br [mailto:c.@yahoogrupos.com.br]Em nome de r.
Enviada em: segunda-feira, 24 de setembro de 2007 11:47
Para: c.@yahoogrupos.com.br
Assunto: [c.] Re: Off-topic: Semana de trânsito

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Trânsito, radar e "bom senso" (parte 4)

----- Original Message -----
From: r.
To: c.@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, September 24, 2007 11:47 AM
Subject: [c.] Re: Off-topic: Semana de trânsito


Pois eh...Gostei muito do texto, Rosivaldo. Mas em relação ao radares eu concordo plenamente com F. Antes de se pensar em cobrar dos motoristas a suposta educação, deve ser realizada uma reengenharia no transito (Outro exemplo: Os semáforos de 100 em 100 metros, que praticamente forçam o motorista a andar a menos de 60Km/h (de qualquer jeito)). Concordo também que, com o transito organizado atualmente, controlar velocidade é queixo duro. Me lembro que logo depois que a lei entrou em vigor, houve um acidente, inclusive com morte de pedestre, em um cruzamente le pelas bandas do centro, se não me engano, com carro capotado e o escambau...o que provocou? Velocidade? Não! o problema foi Sinalização! O que por sinal também é um grande problema na nossa capital!! muitas vias sem a sinalização adequada!! Muitas das placas foram colocadas por agora PORQUE A LEI IRIA ENTRAR EM VIGOR!! Claro que velocidade é um fator determinante na causa de acidentes...mas sem placa de "de preferência" ou sem placa de "Pare", por exemplo, independente de o motorista estar a 60Km/h ou 80Km/h...pode causar um acidente grave... :S

R. M. M.
(...)
--- Em c@yahoogrupos.com.br, "R. de A. R." <r.@...> escreveu (...)

sábado, 6 de outubro de 2012

Trânsito, radar e "bom senso" (parte 3)

----- Original Message -----
From: Rosivaldo Fernandes Alves
To: c.@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, September 23, 2007 9:23 AM
Subject: RES: [c.] Off-topic: Semana de trânsito

Grande R.,

Concordo com cada palavra sua a respeito da SMTT e da falta de moral desta para exigir bom comportamento no trânsito. Só não tratei disso no texto por óbvia falta de espaço e porque considero essencial atacar o problema onde ele é mais grave (aprendi isso em Engenharia de Software :-): no comportamento do cidadão. Sim, porque há pouca esperança de mudança do lado de lá. Do lado de cá é que a solução reside. Os políticos e administradores picaretas só serão varridos do mapa por cidadãos realmente comprometidos com a ética, inclusive no trânsito. Enquanto vigorar esse cinismo selvagem, amparado no desengano e descrédito das instituições, tudo irá de mal a pior. Temos de ser melhores que nossos governantes para termos governantes melhores. E, verdade seja dita, não somos, pois nos desculpamos com o argumento de que transgredimos porque eles não prestam. Aí é cada um por si e Deus por todos.

Eu sei que é difícil ser educado na feira, mas nada realmente valioso se conquista facilmente. Temos de perseverar.

É um prazer trocar idéias.

Um abraço,

Rosivaldo.

-----Mensagem original-----
De: c.@yahoogrupos.com.br [mailto:c.@yahoogrupos.com.br]Em nome de R.
Enviada em: quarta-feira, 19 de setembro de 2007 17:44
Para: c.@yahoogrupos.com.br
Assunto: Re: [c.] Off-topic: Semana de trânsito

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Trânsito, radar e "bom senso" (parte 2)

----- Original Message -----
From: L.
To: c.@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, September 21, 2007 12:58 PM
Subject: Re: [c.] Off-topic: Semana de trânsito


Rosivaldo,

eu concordo plenamento com cada letra desse texto que você criou. E acho que todos deveriam passar para seus amigos, pois ele não se trata somente de um texto sobre o trânsito, mas também de como o brasileiro encara as leis no país. É por isso que temos esse políticos no poder, que querem e fazem tudo sem serem punidos. As leis que afetam a gnt não devem ser aplicadas, somente as que afetam os outros.

(...)

sábado, 29 de setembro de 2012

Trânsito, radar e "bom senso"

Há alguns meses, publiquei aqui um artigo sobre radares e trânsito. Ele não é novo, como eu já disse, e, na época em que o escrevi, tive a oportunidade de divulgá-lo por e-mail para meus então colegas de universidade. Sempre tive vontade de publicar aqui algumas das reações ao texto, bem como minhas "tréplicas". Começo a fazê-lo aqui. Pra evitar constrangimentos, preservo a identidade de meus interlocutores. Também não tentei fazer correções na grafia ou gramática.

----- Original Message -----
From: R.
To: c.@yahoogrupos.com.br
Sent: Wednesday, September 19, 2007 5:44 PM
Subject: Re: [c.] Off-topic: Semana de trânsito


Sobrou um tempinho entao li o seu mail...
Vou nem discutir pois acho q vc tem razão na maioria das coisas. Mas só vou concordar q o uso dos radares é um ato de melhoria do trânsito quando a SMTT for realmente atuante no q se diz respeito à melhoria do tráfego e não apenas a arrecadação. Gostaria de saber quem é o engenheiro de trânsito (devidamente capacitado) responsável e que permite aquele semáforo no jardins em frente ao bompreço, q coloca uma faixa de pedestre em cada lado do cruzamento (fica ateh bonito visto de cima), q permite estacionamento dos dois lados da via diminuindo o fluxo de carros e aumentando a probabilidade de acidentes, q molda o trânsito ao belprazer dos comerciantes, q faz obras em horário de pico nas vias de grande fluxo sem nem ao menos avisar, q fez aquele exemplo de cruzamento na francisco porto, q fez o elevado da saneamento literalmente troncho, q colocou um radar na descida desse elevado q soh permite ver o fluxo quando já está descendo etc. Fora q a SMTT é omissa no q se diz respeito às outras infrações como parar em faixa dupla, ônibus parar no meio da via pras pessoas descerem (e nao eh por falta de espaço), péssimos motoristas que dirigem no meio da via a 20Km/h prejudicando o trânsito, lixo jogados pelos carros etc. Pra mim radar é sim um meio rápido, barato e eficiente de arrecadar dinheiro. Fiscalizar a velocidade em ruas cheias de buraco pra mim é chover no molhado e sacanear com os motoristas q são imprudentes devido ao próprio descaso do órgão responsável por gerenciar o trânsito, com algumas excessões óbvio. Sugestão: faz uma pesquisa de quantos acidentes são causados não só pelo excesso de velocidade mas por buracos, atropelamentos de pedestres q teimam em andar pela rua pq a calçada não é da cor q ele gosta, local indevido de estacionamento, cruzamentos mal feitos, motoqueiros imprudentes etc. Acho q a culpa não é só da velocidade, até porque acho q aracaju tem muito buraco e muito carro estacionado na rua pra se conseguir andar rápido. Ao meu ver a SMTT daqui não tem moral alguma em pedir educação no trânsito. É dificil ser educado na feira.

domingo, 23 de setembro de 2012

Quem nunca comeu melado...

Antes, algumas considerações... No início, não pretendia fazer deste blog um espaço para discussão política. Refiro-me aqui à política partidária. É que esse tema mais separa do que congrega as pessoas ("partido" implica exatamente isso), e eu sempre preferi focar o que nos aproxima. Ou o que ao menos deveria.

Mas as coisas mudam. Gostaria de ter tempo pra escrever sobre muitas coisas; e, nos dias que correm, política é uma delas. Na falta desse tempo, leio o que me interessa e, quando acho conveniente, compartilho. Só um pouco, e não aqui. Mas agora quero fazê-lo, e neste espaço. É que dia desses li, na seção "Feira Livre" da coluna do Augusto Nunes, um artigo de Dora Kramer intitulado "Lambuzado no melado". Não deu pra resistir. Há meses quero divulgar aqui um antigo texto meu, especificamente de 2007, publicado num semanário local graças ao espaço cedido pelo meu amigo Gilton Lobo, à época colunista da publicação. Curiosamente, eu fechei meu texto com um pensamento que ecoa e se amplifica enormemente no texto de Dora. Decidi não esperar mais.

O que me deixaria realmente satisfeito seria produzir textos novos sobre o tema. Não tenho como. Quem sabe um dia. Até lá, adianto que hoje não tenho mais nenhum receio de dizer que o PT tornou-se o patrono do que existe de pior na política brasileira: corrupção desenfreada, rompantes ditatoriais, vigarice intelectual sem limites, alianças espúrias com qualquer canalha – dentro ou fora do país – que lhes ofereça algum benefício, erosão ética e moral da política e das instituições... e coisas do mesmo quilate. Só a covardia me impediria hoje de dizer isso em alto e bom som. E covarde eu não sou. 

Aos amigos que discordam, peço-lhes a tolerância que pessoas civilizadas dedicam umas às outras. Aos partidários do PT que virem nisso um motivo pra me detestar afirmo que o seu respeito não me interessa, porque ele me custaria um preço muito alto: chafurdar num lamaçal onde ética e princípios são desdenhados e vistos como valores de uma suposta elite burguesa e golpista.

Dito isso, vamos ao artigo que motivou este post. Ele foi escrito depois que o PT articulou a absolvição do então presidente do Senado, Renan Calheiros, num processo de cassação por inúmeros atos de corrupção e quebra de decoro. Foi inacreditavelmente vergonhoso. Não posso deixar de registrar que, além do PT, protagonizou o episódio o então senador por Sergipe, Almeida Lima, na época filiado ao PMDB e hoje candidato irrelevante à prefeitura de Aracaju pelo PPS.

País de Covardes

Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
(…)
Pátria amada,
Brasil.


As palavras acima, todos sabem, são do Hino Nacional. E estão entre as mais belas de nosso já tão belo hino. Infelizmente, não traduzem a realidade. O mais grosseiro e recente exemplo ocorreu nesta última quarta-feira, 12 de setembro de 2007: quando a justiça ergueu sua clava forte, os ilustres representantes da Nação no Senado da República esconderam-se covardemente sob o manto ignóbil e escuro de uma sessão subterrânea seguida de vergonhosa votação secreta, desviando o golpe certeiro que pairava sobre Renan Calheiros.

Alguns me chamarão de injusto, mas ouso creditar o atual império da fraqueza moral ao governo do PT. Sim, porque nos áureos e românticos tempos de oposição, o partido que ostentava com mais bravura que qualquer outro a bandeira da ética e da justiça jamais liberaria seus senadores para “votar conforme sua consciência”, como aliás bem o fez – ou deixou de fazer, na verdade – Aloízio Mercadante. Se o PT de hoje fosse o de antigamente, usaria todo o peso do partido e de sua condição de governo para expulsar Renan a justíssimos golpes de tacape.

Mas o PT precisa governar. Pra isso, precisa do Congresso. Precisa do PMDB. Precisa da CPMF. Precisa de um PIB sempre crescente, de uma inflação educada. Precisa de calmaria. E está disposto a pagar qualquer preço por isso, mesmo que a moeda tenha a forma de troca de favores, de cargos, de verbas em emendas do orçamento, de absolvições escandalosas ou de puro e simples mensalão.

Os mais indulgentes dirão que é melhor compactuar com tudo isso do que jogar o País na crise que o enfrentamento inevitavelmente traria, com consequências danosas para a população, principalmente a mais pobre, público alvo preferencial do governo Lula. Concordo. Um governo ético jogaria o Brasil no caos, e o povo sofreria muito. Mas... onde está nossa coragem para não fugir à luta justa, ainda que dela nos venha a morte? Só vale para dia de jogo da Seleção? Não compensaria ao País passar dois, três, ou mesmo cinco anos de crise econômica e política, mas sair de tudo mais limpo, mais justo, mais confiante nas instituições, mais certo de que o governo e o parlamento realmente existem não para proveito de seus ocupantes, mas para atuar em favor da Nação? Não compensaria ao PT arriscar a próxima eleição em prol – perdoem-me o lugar-comum – da próxima geração?

O pior de tudo é que toda essa covardia conta com a cumplicidade da população, que insiste em presenciar inerte tudo isso e, pior, continua votando essencialmente nos mesmos nomes de sempre. Mesmo Lula só foi eleito porque prometeu – e cumpriu – abandonar seu discurso de “ruptura”. O povo, e especialmente a classe média, não quer ruptura. A ruptura é arriscada. Melhor continuar tudo como está pra ver como é que fica.

Termino dizendo a quem do PT se sente ofendido por minhas palavras: estou sendo condescendente ao ver boa intenção na traição petista à ética e a seu próprio passado. Eu poderia atribuir essa traição à simples desonestidade e ao estado lambuzente de quem nunca comera melado. Quanto ao leitor que acha injusto ser por mim acusado de cúmplice da covardia, recomendo: levante de sua cadeira a parte posterior do quadril e prove que estou errado. A Pátria amada agradeceria.

P.S.: Sobre "lambuzente": esse arremedo de neologismo é uma tentativa arriscada de estabelecer paralelo com "lactente" (em oposição a "lactante").

domingo, 20 de maio de 2012

A terrível ameaça da volta dos radares

Nesta semana, ouvi no rádio que a prefeitura de nossa capital está tomando as providências para o retorno da fiscalização eletrônica do trânsito. Óbvio, o assunto incomoda muita gente. Infelizmente, quase todos que conheço. Pra variar, os radialistas que deram a "má notícia" demonstraram, como em várias outras vezes, que ficariam mais confortáveis não tendo que anunciar tal novidade.

Não posso me dar ao luxo de escrever sobre o tema no momento. Então aproveito um texto que escrevi em junho de 2007. Ele merece alguns reparos, pois foi escrito com pressa, na tentativa de que fosse publicado em tempo hábil. Mesmo assim, acho que sua essência permanece válida para aquele tempo e para hoje.

Um pouco de contexto: naquela época, a prefeitura acabara de reduzir o limite de velocidade em algumas avenidas, que era de 80 km/h, para 60 km/h. Isso gerou revolta entre os motoristas, e estes contaram com o apoio irresponsável e demagógico de grande parte da imprensa local.


Radares, demagogia e honestidade

Antes de tudo: não tenho nenhuma simpatia política ou pessoal por quem governa atualmente Aracaju ou Sergipe. Nem pelos que governavam antes. Portanto, nada do que digo aqui pretende defender os grupos políticos que sustentam ou sustentavam esses governos. Também adianto que sou totalmente contra o uso de multas de trânsito como forma de arrecadação para os cofres públicos, pois isso faz o governante desejar o maior número possível de infrações, que ao ser multadas só aumentam a receita do órgão público interessado. Quero deixar claro que minha maior preocupação reside do lado de cá, no que se passa na cabeça do cidadão, e na forma demagógica como o assunto tem sido tratado pela imprensa aracajuana.

Meu primeiro questionamento é sobre a queixa de que a SMTT não educa e prefere multar. De que tipo de educação estamos falando? Vejamos: qual motorista não sabe que tem de obedecer a uma placa que limita a velocidade de uma via a 20, 40, 60 ou – vá lá – 80 km/h? Ou que tem de parar diante da faixa de pedestre para que este atravesse? Ou que é proibido ultrapassar em via com faixa contínua? Eu já vi reportagens de TV em que motoristas flagrados em infrações como essas reclamam que em vez de ser multados deveriam ser educados. Mas se um motorista não sabe alguma dessas regras, não deveria estar sequer habilitado, quanto mais dirigindo! E se sabe, não há porque exigir ser educado para obedecer. Tem de obedecer e pronto. Saber não basta? É preciso que o motorista passe meses ou anos sendo adulado por guardas gentis, que não multam ninguém, e que só repetem o que todo motorista já está careca de saber, para que todos se convençam de que as leis de trânsito precisam ser respeitadas? Perdão, mas o nome disso é cinismo.

Meu segundo questionamento é que a imprensa local é totalmente tendenciosa ao ficar claramente do lado de quem reclama da possibilidade de ser multado. O que queremos então? A impunidade? Queremos que a sinalização, da placa ou do semáforo, valha somente pra quem quiser obedecer? É só uma sugestão? Quem quiser desobedecer, pode? É pra ficar por isso mesmo? Que tipo de trânsito os jornais estão defendendo? Não se vê uma palavra de reprovação ao comportamento de motoristas que fazem de Aracaju uma cidade com mortalidade no trânsito duas vezes maior que a de São Paulo! Lamentável. Em países civilizados, infração de trânsito é crime1 que além de multa dá cadeia, de onde você só sai pagando fiança, como tantas vezes vemos acontecer com celebridades mundiais flagradas nessa situação. Aqui, um país campeão mundial em mortes no trânsito, jornalistas e políticos ganham a simpatia da população ao exigir menos rigor na aplicação da lei. Esse é um tipo de demagogia extremamente perniciosa, porque privilegia o desejo de impunidade ao custo de dezenas de milhares de vidas por ano.

Diminuindo os limites de velocidade em Aracaju, a SMTT apenas corrigiu uma situação que era realmente ilegal2, porque a lei de trânsito determina que nas cidades o limite de 80 km/h só deve existir em vias3 onde não há cruzamentos, semáforos nem passagem de pedestres. Até o acesso a essas vias deve se dar por pistas paralelas, jamais por entradas laterais. Aracaju simplesmente não tem avenidas assim. Obviamente, o trânsito de Aracaju já não comporta pistas tão lentas como as atuais. Então nossa cobrança deveria ser pela criação de vias rápidas para escoar melhor o tráfego, jamais pela desobediência generalizada às leis de trânsito. Por exemplo, exigir que não haja radar ou que ele seja anunciado com antecedência e que esteja bem visível é como exigir que não haja polícia ou que ao menos ela avise ao criminoso antes de agir, para que este tenha tempo de esconder as provas do seu crime. O motorista não pode se sentir no direito de ignorar a placa que limita a velocidade e fingir que a respeita somente onde há radar. O nome disso é desonestidade, que infelizmente virou lei por pressão de uma sociedade que prefere não ser cobrada pelas infrações que comete.

Ao cidadão que se sente lesado pela SMTT, eu aconselho: não ultrapasse a velocidade permitida, não avance o sinal, respeite a faixa de pedestre, não ultrapasse em local proibido, etc. Agindo assim, nenhum centavo seu vai parar nos cofres da prefeitura. Mesmo que haja um radar invisível em cada esquina ou a cada cinqüenta metros. Obedeça à lei pelo desejo de ser decente. Nosso país precisa de gente assim. Se, ao invés disso, brigamos pelo direito de desobedecer impunemente à lei, estamos legitimando toda a corrupção que arrasa o nosso país. Não podemos reclamar de políticos trambiqueiros e ao mesmo tempo exigir o direito de sermos trambiqueiros no trânsito. Pois, como diz o Evangelho (permitam-me a referência religiosa neste espaço laico), só merece confiança no muito quem é fiel e honesto no pouco.

1 Na verdade, nem toda infração; mesmo aqui, algumas infrações são crime.
2 Não sou profissional do Direito, mas uma consulta posterior me fez perceber que talvez não houvesse ilegalidade. Ver CBT (Lei 9.503/1997), art. 60, §2º. A meu ver, no entanto, havia no mínimo irresponsabilidade.
3 Ver CBT, artigos 60 e 61, e a definição “VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO” no Anexo I.

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