quarta-feira, 10 de abril de 2019

31 de março de 1964: Algumas considerações.


Eu sei que estou atrasado para as discussões deste ano – que foram particularmente animadas, dado ter sido a primeira passagem dessa data no governo Bolsonaro –, assim como me atrasei a ponto de desistir de qualquer comentário quando do quinquagésimo aniversário do evento, em 2014. Em minha defesa, digo que já me adianto às discussões do ano que vem, bem como às dos muitos anos vindouros, que – eu sei – essa arenga ainda vai longe. Tentarei percorrer o assunto por tópicos.

1) Foi golpe?

2) Foi errado?

3) Foi ditadura?

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?

8) “Ditadura nunca mais!”

9) Socialistas nutella

10) “Vá estudar história!”

31 de março de 1964: 1) Foi golpe?


Algumas considerações.

1) Foi golpe?

Sim, foi golpe.

Os que teimam que não foi fazem-no por burrice. Acham que reconhecer que foi golpe é o mesmo que dizer que foi errado, e essas pessoas acham que não foi errado porque a intervenção militar contou com o apoio massivo da população, da imprensa e da Igreja, além de ter sido referendado a posteriori pelo Congresso, o que caracterizaria um ato político perfeitamente legítimo.

Ocorre que a definição de golpe não embute juízo de valor. Se foi “certo” ou “errado” é uma questão de opinião, dos valores cultivados por quem julga o fato. O fato em si, enquanto apenas descrito e classificado no conjunto dos fenômenos políticos, encaixa-se perfeitamente na definição de golpe de Estado, que se dá quando um ente de dentro do próprio Estado (no caso, as Forças Armadas) assume o poder por meios que violam as normas constitucionais. Na falta de um bom texto de ciência política, consulte o Aulete e o Priberam.

Ora, a intervenção militar de 1964 deu-se à margem da lei, da constituição, da ordem jurídica. Que as demais forças sociais tenham concordado com aquela violação apenas significa que a sociedade não mais acreditava na lei como salvaguarda de seu bem-estar. Isso em nada muda o fato de que a intervenção militar foi, no fim das contas, ilegal. E que foi, portanto, golpe.


2) Foi errado?

3) Foi ditadura?

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?

8) “Ditadura nunca mais!”

9) Socialistas nutella

10) “Vá estudar história!”

31 de março de 1964: 2) Foi errado?


Algumas considerações.

1) Foi golpe?

2) Foi errado?

Julgue você. Eu não tenho essa resposta. O que eu sei é que nenhuma democracia tem chance quando não há forças políticas com disposição ou capacidade de defendê-la.

Jango e seus aliados – Brizola entre eles – costuravam seu próprio golpe militar para garantir a implantação das tais reformas de base; em nome do seu sonho de Brasil mais justo, Darcy Ribeiro tinha pronta uma lista de inimigos do povo a ser fuzilados na primeira oportunidadei; nos subterrâneos dos movimentos revolucionários marxistas – e qualquer revolução é, por definição, ilegal – planejava-se toda sorte de tomada violenta do poder. Ninguém, absolutamente ninguém, estava preocupado com a manutenção da legalidade constitucional.

Minha opinião: dentre os postulantes à tomada violenta do poder, antecipou-se a alternativa menos ruim; a História deixa claro que as demais só tinham a nos oferecer miséria, caos e horror.

i Elio Gaspari, A Ditadura Envergonhada, p. 107. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

3) Foi ditadura?

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?

8) “Ditadura nunca mais!”

9) Socialistas nutella

10) “Vá estudar história!”

31 de março de 1964: 3) Foi ditadura?


Algumas considerações.

1) Foi golpe?

2) Foi errado?

3) Foi ditadura?

Mais ou menos. Sim. Mais ou menos.

Entre 1964 e 1968, o Brasil gestava uma ditadura, que ainda não tinha de fato vindo à luz. Havia um regime autoritário, com violações esporádicas de direitos fundamentais. Essas violações eram graves, até numerosas, mas não eram sistemáticas. O regime reconhecia o dever de proteger os direitos eventualmente agredidos, prometia não deixar a “tigrada” fazer mais aquelas coisas, empurrava com a barriga. No dizer de Elio Gaspari, era uma “Ditadura Envergonhada”. Ainda havia bastante espaço para oposição e contestação.

O caldo entornou com o AI-5, em 13 de dezembro de 1968, que inaugurou a “Ditadura Escancarada”; daí em diante, o regime não teve mais nenhuma vergonha de mostrar toda sua feiura: censura, prisão, sequestro, desaparecimento, tortura e morte tornaram-se política sistemática de Estado, sem freio, justificativa, pedido de desculpa nem promessa de se comportar melhor no futuro. Sob o pretexto de combater subversivos criminosos, o Estado brasileiro tornou-se, ele mesmo, abertamente criminoso. O AI-5 transformou o Brasil numa ditadura, sob qualquer ótica que se queira avaliar.

A reversão do quadro tomou forma com a anistia, em 1979, que prenunciava o reconhecimento de que o regime devia satisfações à sociedade, não tinha mais força suficiente pra agir como dono absoluto dela. Ainda era um regime autoritário, uma espécie de ditadura definhante que, sob o peso de suas próprias mazelas, viu-se obrigada a devolver o poder aos civis com a eleição de Tancredo Neves em 1985.

No fim das contas, não querer chamar uma ditadura de ditadura é tanta burrice quanto não querer chamar o golpe de golpe.

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?

8) “Ditadura nunca mais!”

9) Socialistas nutella

10) “Vá estudar história!”

31 de março de 1964: 4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?


Algumas considerações.

1) Foi golpe?

2) Foi errado?

3) Foi ditadura?

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

De certa forma, sim, embora eu deva fazer aqui uma ressalva: aprendi com um ex-colega de escola que história contrafactual é uma empreitada essencialmente perdida, o que ele ilustrava com um ditado: “Se urubu cantasse, estavam todos na gaiola.”

Dito isso, vamos aos fatos: o Brasil de 1964, bem como toda a América Latina, era palco de uma disputa de vida ou morte entre Estados Unidos e União Soviética. Esta tentava espalhar sua revolução comunista por todo o mundo, com grande sucesso na Europa, Ásia e África. Conquistar a América Latina – e o Brasil em especial – seria praticamente encurralar os Estados Unidos no seu próprio quintal. O Tio Sam não podia aceitar isso de jeito nenhum, e perder o Brasil nessa disputa era perder metade do jogo. Tinha toda razão o embaixador americano que avisou a seu presidente: “Se o Brasil for perdido, não será outra Cuba, mas outra China, em nosso hemisfério ocidental.”

Ocorre que o Brasil caminhava a passos largos na direção de se tornar um vassalo de Moscou, ou de Pequim, tendo seu próprio governo como um dos principais vetores dessa guinada à esquerda socialista de tintas revolucionárias. Somente os patifes e os desonestos fingem não saber que esse caminho tornaria um Brasil um inferno na terra. Aconteceu com todos os países que trilharam esse caminho antes e com todos que o fizeram depois; por que teria sido diferente aqui? Embora os urubus não cantem, e eu não possa – nem ninguém pode – garantir que sem o golpe militar o Brasil se tornaria comunista, é possível dizer que o risco era, sim, bastante grande. E o que eu posso dizer, sem o mínimo medo de errar, é que, se o sonho do socialismo tivesse se realizado aqui, quando acordássemos dele viveríamos o pesadelo de contar mortos não às centenas – como o fez a Comissão da Verdade –, mas aos milhões, como no Vietnã e no Camboja, ou mesmo às dezenas de milhões, tal como ainda se conta na Rússia e na China.

E já que falamos de Guerra Fria, se um esquerdista retardado vier lhe dizer que agentes malvados da CIA patrocinaram o golpe militar no Brasil, pergunte-lhe se ele sabe por onde andavam e o que faziam na mesma época os anjinhos da KGB.

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?

8) “Ditadura nunca mais!”

9) Socialistas nutella

10) “Vá estudar história!”

31 de março de 1964: 5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?


Algumas considerações.

1) Foi golpe?

2) Foi errado?

3) Foi ditadura?

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

Não. Crimes? Claro, crimes.

O regime militar foi um regime criminoso, não porque seus inimigos fossem virtuosos defensores da liberdade e da democracia. Não eram. Eram, eles também, criminosos aspirantes a fundadores de uma ditadura socialista, a ditadura do proletariado, que seria mil vezes mais monstruosa e assassina do que a ditadura que eles combatiam. Mas criminosos têm de ser combatidos dentro da lei. Mesmo que as circunstâncias políticas tornem inviável ou impossível a manutenção de um regime de plenas liberdades, mesmo que um regime de força, autoritário, seja o único capaz de manter a paz social, ainda assim é preciso – e possível – respeitar os direitos mais fundamentais do ser humano, mesmo de criminosos políticos, mesmo de terroristas: o direito ao devido processo legal, o direito de não ser torturado, de não ser executado sumariamente, de não ser exterminado extrajudicialmente. Essas coisas básicas. E eu nem mencionei aqui os muitos inocentes mortos porque a ação arbitrária da repressão “deu ruim”.

Não contem comigo pra louvar torturadores e assassinos.

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?

8) “Ditadura nunca mais!”

9) Socialistas nutella

10) “Vá estudar história!”

31 de março de 1964: 6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?


Algumas considerações.

1) Foi golpe?

2) Foi errado?

3) Foi ditadura?

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?


Como eu disse, depende de quem julga: se um golpe de Estado tivesse derrubado Hitler e instaurado uma democracia plena na Alemanha antes da Segunda Guerra, nós o consideraríamos “certo”? Muito provavelmente, sim.

Em vez de golpe, considere uma revolução: como eu já disse, toda revolução é por definição ilegal. Diferencia-se de um golpe porque quem toma o poder vem de fora do Estado. Ora, todo mundo acha linda a Revolução Cubana. Epa, todo mundo não! Só os retardados da esquerda e os patifes que os iludem. Mas o ponto é: o governo deposto era realmente tão ruim que merecia ser deposto? Ele foi substituído por um governo melhor ou por coisa ainda pior?

Em vez de golpe e revolução, pode ocorrer uma rebelião: o povo não aceita mais o regime, recorre à desobediência civil generalizada, gera-se uma crise institucional que só se resolve com a dissolução do governo e a instauração de uma nova ordem jurídica por novas lideranças mais afinadas com os reclames populares… Tudo começa com a rejeição da ordem legal. Só o futuro dirá se essa ruptura foi “certa” ou não.

Só pra não esquecer, a quebra da ordem legal interna pode vir de fora: uma intervenção – da ONU, de outro país. É uma das saídas, razoável até, para a atrocidade desumana que se revelou a famigerada Revolução Bolivariana da Venezuela. Como é praticamente impossível haver golpe, revolução, rebelião, intervenção ou qualquer coisa similar que não seja traumática, que não roube vidas, que não deixe sequelas numa sociedade, cumpre ao “julgador” também perguntar: havia outra saída?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?

8) “Ditadura nunca mais!”

9) Socialistas nutella

10) “Vá estudar história!”

31 de março de 1964: 7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?


Algumas considerações.

1) Foi golpe?

2) Foi errado?

3) Foi ditadura?

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?


Não sei. De novo, começo a pensar nos urubus. Mas eu quero trazer à reflexão as palavras de Richard J. Evans, premiado autor de A Chegada do Terceiro Reich:

“Depois de 20 de julho de 1932, as únicas alternativas realistas eram uma ditadura nazista ou um regime conservador autoritário respaldado pelo Exército. A ausência de qualquer resistência séria por parte dos social-democratas, os principais defensores que sobravam da democracia, foi decisiva.”

Mais à frente, ele reforça:

“Na segunda metade de 1932, um regime militar de alguma espécie era a única alternativa viável à ditadura nazista. (…) Depois de Papen, não havia volta. Havia se criado na Alemanha um vácuo de poder que o Reichstag e os partidos não tinham chance de preencher. O poder político havia se esvaído dos órgãos legítimos da Constituição em parte para as ruas e em parte para a pequena facção de políticos e generais em torno do presidente Hindenburg, deixando um vácuo na vasta área entre ambos, onde acontece a política democrática normal. (…) Numa situação dessas, era provável que só a força obtivesse sucesso. Apenas duas instituições possuíam-na em escala suficiente. Apenas duas instituições poderiam operá-la sem incitar reações ainda mais violentas por parte da massa da população: o Exército e o movimento nazista.”

É claro que Evans não defende que um regime militar seria um regime “bom” para a Alemanha. A questão é que não havia alternativa democrática. Como eu disse, não há democracia possível onde não há quem lute por ela. Ou onde quem luta por ela não tem força para fazê-la prevalecer. Em resumo, Evans diz que uma ditadura militar seria como qualquer ditadura: brutal, violenta, arbitrária, autoritária. Mas não desencadearia sobre a Alemanha e o mundo o horror que o nazismo trouxe. Ainda Evans:

“Mas é improvável que, no saldo geral, uma ditadura militar na Alemanha tivesse deslanchado o tipo de programa genocida que encontrou culminação nas câmaras de gás de Auschwitz e Treblinka.”

As perspectivas para a Alemanha eram tão tenebrosas que, se a alternativa imaginada por Evans tivesse se concretizado, hoje os livros de história poderiam estar condenando sem reservas mais uma ditadura militar sem ter a mínima ideia dos horrores que ela tinha evitado. A propósito, tal ditadura seria apenas mais uma das muitas que pipocaram em toda a Europa de então, nascidas basicamente do mesmo tipo de crise.

E como a Alemanha, em particular, chegou a isso? Atrevo-me a resumir uma coisa muito complexa em duas palavras: comunismo e nazismo. Embora nenhum deles tenha obtido a maioria parlamentar, os partidos Nazista e Comunista haviam se tornado as duas maiores forças políticas da República de Weimar. Ocorre que os dois partidos eram inimigos mortais da “democracia burguesa” (expressão derrogatória que intelectual esquerdista adora usar ainda hoje). Evans continua
 
No geral, o Reichstag ficou ainda menos controlável do que antes. Agora 100 comunistas confrontavam 196 nazistas através da câmara, ambos os lados decididos a destruir um sistema parlamentarista que odiavam e desprezavam.”

Como uma democracia lida, democraticamente, com seus inimigos declarados? Vamos de Evans outra vez:

Joseph Goebbels foi bastante explícito quando ridicularizou em público ‘a estupidez da democracia. Uma das melhores piadas da democracia será sempre ter propiciado a seus inimigos mortais os meios pelos quais foi destruída.’ (…) Democracias sob a ameaça de destruição encaram o dilema insuportável de se render à ameaça insistindo em preservar as sutilezas democráticas ou violar seus princípios restringindo os direitos democráticos.

Os alemães estavam espremidos entre social-democratas que não tinham mais força política, conservadores que não queriam ver repetir-se ali a devastação que o comunismo já tinha feito na Rússia, comunistas que queriam repetir aquela devastação e nazistas que se apresentavam como a única força capaz de botar ordem naquela bagunça, que eles mesmos ajudavam a criar e manter. Não havendo saída democrática possível, apenas escolhas que implicavam uso da força, os alemães fugiram do horror comunista para acolher a salvação oferecida pelos nazistas. Sim, os nazistas “salvaram” a Alemanha do comunismo…

Em suma: há crises das quais não há saída democrática, porque as forças envolvidas não são democráticas. Na menos maligna das hipóteses, uma das forças, ao menos comprometida com a paz social e o respeito à dignidade humana, pode assumir o poder à forçasim, eu estou falando de golpe, revolução, rebelião, intervenção, o que estiver ao alcance, banir do jogo político os agentes antidemocráticos – sim, eu estou falando de cassar mandatos, prender, julgar, condenar, em último caso até executar gente do naipe de nazistas, fascistas, socialistas e comunistas – e manter um estado de exceção até que as condições políticas permitam o retorno à normalidade democrática. Como fazer isso sem degenerar em ditadura e violação sistemática dos direitos humanos? Não sei, coisas tão vastas estão além do meu alcance, e uma hipótese tão benigna não passa disso: uma hipótese. O mais provável é que gente sem apreço por democracia ou direitos humanos usurpe o poder, pretensamente em nome a ordem e da lei, e só largue o osso depois de derramar muito sangue inocente. Ainda assim, é didático observar que constituições perfeitamente democráticas preveem que, em crises muito graves, os poderes constituídos podem recorrer a intervenção, estado de defesa, estado de sítio e medidas igualmente extremas, nas quais muitos direitos democráticos fundamentais podem ser suspensos até que a crise seja debelada.

Fica a lição de que democratas não podem ser ingênuos: seus inimigos não têm o menor pudor de passar por cima deles, de suas leis, de seus direitos humanos, de suas vidas, de tudo que se puser no caminho desses facínoras rumo a sua tirania de estimação.
 

8) “Ditadura nunca mais!”

9) Socialistas nutella

10) “Vá estudar história!”

31 de março de 1964: 8) “Ditadura nunca mais!”


Algumas considerações.

1) Foi golpe?

2) Foi errado?

3) Foi ditadura?

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?

8) “Ditadura nunca mais!”

É praticamente impossível eu ouvir ou ler essa expressão sem que ela me cause asco. Porque invariavelmente ela é proferida por gente que defende e admira ditaduras e ditadores sanguinários, assassinos, genocidas, torturadores e liberticidas. Todos de esquerda. Todos socialistas.

Ante a ideia de alguém “comemorar” o golpe de 1964, essas almas puras, esses ardorosos defensores dos direitos humanos se enchem de sacrossanto horror, mas acham lindo que seus partidos de esquerda – PSOL, PT, PSTU, PCdoB et caterva – comemorem com todas as pompas e honras de Estado, com presença de presidentes e ex-presidentes da República, no Congresso Nacional e nas universidades: a Revolução Russa de 1917, a Revolução Cubana de 1959, a Revolução Maoista e a Revolução Cultural chinesas, fora o resto. Eles não coram de vergonha, não exigem silêncio e não condenam ao ostracismo seus políticos de estimação – Manuela d’Ávila, Dilma, Lula, Haddad, José Dirceu, Boulos –, toda essa gente que canta em prosa e verso as glórias de regimes que foram ou ainda são tão hediondos quanto o próprio nazismo.

São as pessoas do “mais amor, por favor”, do #elenão, mas que passaram vinte anos tripudiando de quem avisava que o regime de Chávez trilhava o caminho de toda revolução socialista: repressão, pobreza, miséria, morte, escravidão e di-ta-du-ra. Hoje, confrontados com o horror vivido pelos nossos irmãos venezuelanos, olham para o lado, acabrunhados, como se não tivessem nada com isso, ou, os mais cínicos e psicopatas, culpam os ianques, culpam Bolsonaro…

É preciso ser muito canalha para dizer “Ditadura nunca mais!” e se derreter em elogios diante de qualquer propaganda esquerdista acerca das “conquistas sociais” de Cuba, onde

    • é proibido existir qualquer partido que não seja o Comunista;

    • é proibido editar, publicar ou ler qualquer jornal que não seja previamente aprovado pelo Partido Comunista;

    • é proibido acessar a internet livremente;

    • é proibido fazer qualquer manifestação, por qualquer meio que seja, contrária ao governo.

É preciso ser muito patife pra louvar a educação cubana, cuja universalidade traz embutida a doutrinação partidária e revolucionária obrigatória sobre todas as crianças, praticamente desde o berço; cujo conteúdo é rigidamente controlado por um governo que proíbe terminantemente que os cidadãos – incluídos aí os estudantes! – leiam qualquer livro que possa remotamente ameaçar o controle ideológico do partido sobre sua mentes desde o primeiro olhar que estas lançam sobre o mundo. Só um degenerado moral pode enxergar nisso um modelo a ser invejado e elogiado.

Onde estavam esses amantes da liberdade quando Tarso Genro devolveu a Fidel Castro, em 2007, dois boxeadores cubanos que queriam fugir daquele inferno? Por que essa gente acha normal que as pessoas sejam proibidas de ir embora de Cuba se assim desejarem? Por que elas acusam de vendidos e traidores as centenas de milhares de cubanos que fugiram para a Flórida, em vez reconhecer como ditadura o regime que as fez abandonar sua pátria em busca de uma vida com li-ber-da-de e uma chance de escapar da miséria?

Por que militantes do PCdoB – da meiga lute-como-uma-garota Manuela d'Ávila –, do PT e do PCR foram hostilizar e agredir Yoani Sánchez quando ela visitou o Brasil? Pra piorar, na Câmara dos Deputados, em pleno 2013 – governo Dilma, guerreira, quase mártir da liberdade! (#sqn) –, Yoani foi hostilizada e boicotada por todas as bancadas de esquerda, em vez de recebida e amparada pelo que ela era: das milhões de vozes oprimidas na ilha presídio do Caribe, praticamente a única que achou uma brecha que a ditadura cubana não pôde tapar a tempo de calá-la.

Na mesma ocasião, nas redes sociais, uma avalanche de acusações falsas foram feitas contra a moça; cataratas de loas, odes e declarações de amor eterno derramaram-se sobre Cuba, Fidel, Che e la Revolución. Deu-se o mesmo em todas as universidades maconheiras federais. Tudo isso feito pela mesma grei dos que futuramente votariam em Haddad porque perigam sofrer um AVC só de ouvir a expressão “colégio militar”. Como essa gente tem a cara de pau de dizer “Ditadura nunca mais!”?

O que de fato eles querem dizer é: “Ditadura deles nunca mais! Agora, só a nossa!” A esquerda jamais se incomodou com ditaduras. Desde Marx, pelo menos, a expressão “ditadura do proletariado” nunca foi mera força de expressão. Ela sempre carregou consigo todo o peso que a palavra ditadura impõe. Antes de 1964, todas as revoluções socialistas instauraram ditaduras, e em nenhum caso isso foi, para eles, um resultado surpreendente, inesperado, indesejado. Isso jamais foi visto como um desvio dos propósitos e dos princípios originais. Os comunistas acusavam-se uns aos outros de tudo, nunca de ter pervertido o desejo original de liberdade e democracia dos revolucionários. Eles nunca desejaram nem esperaram tais coisas. Consultem todos os documentos e manifestos das organizações de esquerda que combateram a ditadura militar: vocês não verão a palavra democracia ser mencionada. Nunca. Jamais.

O socialismo desejado por Brizola era uma ditadura. O socialismo desejado por Francisco Julião era uma ditadura. O socialismo desejado por Luís Carlos Prestes era uma ditadura. O socialismo desejado por José Dirceu, João Amazonas, José Genoíno, Fernando Gabeira, Dilma Roussef, Franklin Martins, Carlos Lamarca, Carlos Marighella e tantos mais era uma ditadura. Aquela luta jamais foi entre uma ditadura militar e uma democracia socialista e libertária. Foi entre uma ditadura que estava no poder e outra que queria tomá-lo.

O ódio que a esquerda socialista tem da ditadura militar não é o ódio que amantes da liberdade têm dos que a esta sufocam e trucidam. É o ódio de quem teve o seu sonho roubado: o sonho de vingar todos os séculos de desigualdade, opressão e exploração enforcando o último burguês nas tripas do último padre; de ver realizada sua própria ditadura liberticida, sua própria chance de dizer quem morre e quem vive; de negar aos vivos o direito de escolher um modo de vida capitalista, consumista, individualista, egoísta; de moldar toda a sociedade à imagem do “novo homem” socialista, desapegado, coletivista, altruísta; de condicionar as crianças a ver o mundo unicamente sob essa ótica totalitária; de mandar para campos de “reeducação” e trabalhos forçados todos que não aceitam a utopia da igualdade; de manter estrita vigilância sobre a população pra garantir que ninguém se desvie do bom caminho; de concentrar toda atividade econômica nas mãos do Estado e, como Frei Betto, achar lindo ver que ao povo (cubano, no caso) resta apenas conformar-se com uma “pobreza nobre e operosa”, eufemismo para irremediável miséria.

Por terem privado desse sonho hediondo os socialistas que morreram na luta, e porque os sobreviventes sabem que a roda do tempo girou e já é tarde demais pra que eles desfrutem de sua terra prometida, os militares jamais serão perdoados. Também não serão perdoados os que, a despeito de toda crítica e repúdio às ilegalidades e violações cometidas, sentem algum alívio de saber que os militares afastaram o Brasil do destino dantesco que o espreitava.

Se você é de esquerda, só me venha com “Ditadura nunca mais!” quando estiver disposto a reconhecer que o ideário comunossocialista é tão tirânico e assassino quanto o nazifascista; que os defensores do socialismo merecem o mesmo respeito que os adeptos do nazismo; que partidos socialistas/comunistas deveriam ser considerados ilegais, tanto quanto o são os fascistas/nazistas; que o símbolo da foice e do martelo deveria ser proscrito junto com a suástica; que Marx, Engels, Lênin, Stálin, Trótski, Mao, Fidel, Che, Chávez e Maduro deveriam ser tidos como flagelos da humanidade da laia de Hitler, Mussolini, Himmler, Göring e Röhm; que Brizola, Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Leonardo Boff, Frei Betto, Marilena Chauí, Lula, Dirceu, Dilma, Haddad, Manuela d’Ávila e Guilherme Boulos – aliados, simpatizantes, partidários e propagandistas daqueles líderes socialistas e de seus regimes genocidas – deveriam ser tão execrados quanto Gentile, Rosenberg e Goebbels. Caso contrário, seu “Ditadura nunca mais!” é apenas a expressão de sua ignorância pretensiosa ou de sua hipocrisia sociopática.

9) Socialistas nutella

10) “Vá estudar história!”

31 de março de 1964: 9) Socialistas nutella


Algumas considerações.

1) Foi golpe?

2) Foi errado?

3) Foi ditadura?

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?

8) “Ditadura nunca mais!”

9) Socialistas nutella

É claro que a esquerda de hoje está cheia de socialistas nutella – tipo assim, Márcia Tiburi. Essa gente faria Marx chorar de vergonha, sua demência mataria Engels de rir, e qualquer um deles morreria imediatamente com um tiro, na cabeça, da pistola de Che Guevara – este, sim, socialista raiz! – que se livraria deles como de qualquer outro estorvo inadmissível à Revolução (esse pessoal, ainda hoje, fala de sua acalentada quimera assim, com inicial maiúscula). Essa esquerdalha retardada diz que com eles é diferente, que eles são democratas, que eles defendem o socialismo, mas é um socialismo com… liberdade. Ê, que beleza! Eu acho tão fofo…

Eu também sou fofo. Tanto que eu faço uma proposta a vocês: vocês votam em mim se eu fundar um partido, tipo assim… Fascismo com Tolerância? Vai ser o PFAST! Ficou legal, né? Mas eu posso melhorar: posso fundar o PNIG! “IG” de igualdade, viu? Pra ficar bonitinho. Vai ser o Partido Nazismo com Igualdade. Não vai ser fofo? Não é porque o nazismo dos outros foi um regime de terror que o meu tem de ser. Deturparam Hitler. Vocês já leram o Mein Kampf? Já leram Rosenberg? Sabem que Heidegger era nazista? Já leram Gentile? Ah, vão estudar!

É perfeitamente possível conciliar fascismo e nazismo com tolerância e igualdade. Basta não repetir os erros e desvios das tentativas malsucedidas. Se ser fascista é desejar uma sociedade menos individualista, mais solidária e mais voltada a promover os valores comuns de nossa nação, eu sou fascista. Se ser nazista é trabalhar pelo melhoramento contínuo do ser humano, nos planos físico, mental e espiritual, tanto de indivíduos como de toda a coletividade nacional, e mais, estender esse melhoramento para além das fronteiras nacionais, então eu sou nazista. Quem pode ser contra isso? Apenas os que insistem em se agarrar ao individualismo, ao egoísmo, à desagregação e alienação social; os mesmos que enriquecem pela especulação financeira e pela exploração da verdadeira classe trabalhadora, cujo progresso acabaria com sua dominação sobre ela.

Nos dois parágrafos anteriores, troquem as palavras fascismo, tolerância, nazismo e igualdade por socialismo, liberdade, comunismo e democracia, respectivamente. Troquem Hitler por Marx, ou Lênin, ou Stálin. De certo modo, tanto faz. Troquem Mein Kampf por Das Kapital ou pelo Manifesto Comunista. Troquem Rosenberg, Heidegger e Gentile por Engels, Sartre e Gramsci. As descrições edulcoradas do nazifascismo podem ser trocadas por declarações do tipo “Ser socialista/comunista é lutar pela igualdade, pelo fim da exploração do homem pelo homem, pelo fim da opressão; como alguém pode ser contra isso?” que tanto esquerdinha nutella declama no Face tendo arcos-íris, corações e ursinhos carinhosos ao fundo.

Se é tão insuportável a ideia de um fascismo do bem, de um nazismo moderado, light, por que o mesmo não se dá com socialismo/comunismo? Nenhuma declaração de boas intenções ou promessa de bom comportamento poderia aplainar a montanha de mortos que o nazifascismo ergueu, e tentar ocultar essa montanha sob afetações de bom-mocismo seria, por si, só um desrespeito a quem morreu e a quem teve seus entes queridos soterrados nela. Por que diabos uma pessoa pode se dizer comunista/socialista, pode votar em partidos e políticos comunistas/socialistas, pode se aliar a políticos, nacionais ou estrangeiros, comunistas/socialistas, pode declarar apoio a di-ta-do-res e di-ta-du-ras comunistas/socialistas sem ser imediatamente considerada cúmplice moral da morte de mais de cem milhões de pessoas, contagem que ainda não acabou, haja vista que China, Coreia do Norte, Cuba e Venezuela ainda incrementam essa contagem macabra?

Não falta quem diga que o comunismo não oferece mais risco, que isso é coisa da Guerra Fria. Pode ser. Mas isso não impede que essa esquerda socialista nutella “do bem” aproveite toda oportunidade que lhe aparece para demonstrar seu apoio ao que existe de pior na humanidade hoje. Por exemplo: o Levante Popular da Juventude declara apoio a Maduro, porque este promete levar adiante a Revolução Bolivariana (o tal Socialismo do Século 21, de Chávez) na Venezuela; o PT, o PCdoB o PSOL e outros partidos de esquerda, dos “moderados” aos revolucionários, reforçam esse apoio com recursos muito mais relevantes do que dancinhas de maconheiros em DCEs infestados de retardados mentais; os eleitores desses partidos expressam esse apoio nas redes sociais; os movimentos feministas, LGBT, quilombolas, indígenas e negros aderem à luta contra o imperialismo ianque; os artistas, psicólogos, sociólogos, professores, todos os luminares das “humanas” empenham seu prestígio, sabedoria, sensibilidade e empatia na condenação ao capitalismo que quer esmagar mais uma luta legítima pela libertação de um povo das garras da opressão. E a mesma cantilena se repete: mais uma ditadura assassina ganha licença moral para censurar, cassar, perseguir, prender, torturar e matar seus opositores, porque estes são inimigos do socialismo, que só quer o bem, a igualdade e o fim da exploração. E quando fica escancaradamente óbvio que, de novo, nada se criou senão outro monstro autoritário, a esquerda “do bem” sai de fininho dizendo que aquilo não é com ela porque Maduro não é socialista de verdade, porque não houve Revolução (com maiúscula, viu?) de verdade na Venezuela, porque Chávez morreu e o processo ficou incompleto… Enquanto isso, a esquerda psicopata espalha que a Revolução foi sabotada pela CIA. De novo.

Não é só isso. Para ficar contra o capitalismo, e seu maior representante, os Estados Unidos, os socialistas do bem aderem às narrativas mais porcas: os cubanos fogem da ilha por causa da propaganda maligna anticomunista da CIA; a tirania de Cuba contra seus próprios cidadãos não comove esses anjos de empatia e “mais amor, por favor”; a aliança dos governos petistas com Cuba, Venezuela, Líbia, Síria, Hamas, Hezbollah e Irã é a coisa mais linda, pois é antiamericana.

Outro caso emblemático: o Estado Islâmico degola perante as câmeras dezenas de pessoas, assassina milhares de outras e persegue, para exterminar, uma etnia inteira, a yazidi, que foge para as montanhas; os Estados Unidos bombardeiam o Estado Islâmico para dar aos yazidis tempo de fugir até que chegue ajuda internacional; Dilma concede entrevista em solo americano e, orientada por Marco Aurélio Garcia, mentor petista para assuntos internacionais, critica quem? Os malditos imperialistas ianques, claro! Apoiar Dilma e o PT é apoiar gente que prefere ver um povo inteiro ser varrido da face da Terra, desde que isso mine a influência americana no mundo. Socialistas, feministas e esquerdistas do bem não ligam. Mexer com Dilma é mexer com todxs.

O Irã já prometeu inúmeras vezes varrer Israel do mapa e financia o Hezbollah e o Hamas, que se dedicam à destruição de Israel. Mas para toda a corja socialista latinoamericana, a brasileira incluída, Israel e Estados Unidos é que são os grandes opressores quando impõem sanções contra o programa nuclear iraniano. O Hamas usa crianças, mulheres e idosos como escudos humanos; usa seus próprios hospitais e escolas infantis como depósitos de bombas e munição; assassina qualquer palestino que ouse discordar de seus métodos. Tudo isso enquanto Israel protege por todos os meios possíveis a própria população, tem um regime realmente democrático onde árabes muçulmanos têm vez e voz no parlamento. Mas é Israel o grande e malvado opressor, porque é aliado dos americanos.

O mundo islâmico oprime como nenhum outro suas mulheres e suas minorias: gays, imigrantes, cristãos, judeus, “infiéis” de todos os tipos. No entanto, a esquerda cultural, “do bem”, que é apenas cria do socialismo antiamericano, antiburguês, anticapitalista, antiocidental, não perde oportunidade de condenar nosso machismo, nossa “cultura do estupro”, nossa homofobia, nossa xenofobia, nossa intolerância. Pior: toda crítica nossa ao Islã e sua cultura majoritariamente intolerante é condenada por essa esquerda nutella, nela incluída as feministas e a militância LGBT, como islamofobia. Enforcamento de gays e apedrejamento de mulheres não é coisa tão grave, desde que você pertença a uma cultura inimiga do Grande Satã, os Estados Unidos.

Meu ponto, com os exemplos acima, é demonstrar que esse socialismo light, essa esquerda pós-Guerra Fria, essa turma do bem, que só quer um mundo melhor, está longe de ser inofensiva. Um misto de ignorância e farisaísmo neopuritano, este alicerçado em valores “progressistas”, fez essas pessoas, no Brasil, elegerem para quatro mandatos consecutivos um governo que, ao contrário do que discursava em público, nunca teve o mínimo compromisso com democracia, liberdade, pluralidade ou honestidade; nem mesmo com a vida.

Numa rede de alianças que envolvia o PT, o PCdoB e, via Foro de São Paulo, muitos outros partidos de esquerda do Brasil e da América Latina; ditaduras e ditadores (ou aspirantes a ditadores) em Cuba, Venezuela, Equador, Uruguai, Argentina, Honduras e Nicarágua; narcoguerrilhas como as FARC; cartéis de drogas amparados por governos de Bolívia, Venezuela e Cuba; redes terroristas com ambições nucleares interligando Irã, Hezbollah, Hamas, Venezuela, Argentina e Cuba; cartéis de empreiteiras beneficiadas com bilhões do dinheiro público brasileiro para financiar o “empoderamento” de ditaduras amigas – ditaduras mesmo! – na América Latina e na África; em tudo isso os socialistas igualitários do bem sustentaram um esquema internacional de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, enriquecimento ilícito de megaempresários e de ditadores truculentos, fortalecimento de ditaduras e suas práticas de perseguição, censura, tortura e assassinato dos dissidentes, terrorismo e corrida armamentista nuclear; promoveram a explosão da criminalidade, não só no Brasil, mas também no México, estuário para os Estados Unidos da cocaína boliviana que, usando nosso espaço aéreo, fazia escala na Venezuela e em Cuba, enriquecendo os respectivos ditadores desses países; jamais quiseram realmente saber porque o PT pagou os advogados dos assassinos de Celso Daniel; fingiu que Cristina Kirchner nada teve a ver com as pessoas assassinadas por denunciarem envolvimento iraniano nos atentados do Hezbollah a edifícios de comunidades israelitas em Buenos Aires; fora o resto.

Pessoas que fazem vista grossa diante de crimes tão graves – que vão do âmbito individual ao coletivo, e daí ao internacional – e ainda se dizem de esquerda porque a direita é do mal, é preconceituosa, não tem empatia pelo oprimido, é pró-ditadura, são pessoas doentes. São degenerados morais. Nenhum Bolsa-Família, nenhum Prouni, nenhum FIES justifica apoiar um governo que faz essas coisas. Quem apoia governos criminosos porque estes oferecem “benefícios sociais” está vendendo sua primogenitura por um prato de lentilhas. Eu entendo que pessoas carentes façam isso. Tudo o que descrevi acima é coisa totalmente fora da esfera de consciência de quem apenas luta pra sobreviver. Mas que intelectuais e pessoas instruídas façam isso é imperdoável. Estas pessoas estão vendendo a própria liberdade e, pior, a do povo pobre e simples em nome de sua tara socialista, que perdoa qualquer crime desde que este acene com a realização daquele sonho igualitário, o tal mundo melhor.

Socialista raiz é o ator pornô, o que faz todas aquelas coisas não muito respeitáveis nas… hã… obras audiovisuais do gênero. Socialista/esquerdista nutella é o adolescente espinhento que tranca a porta do quarto pra que a mãe não o flagre se refestelando ao ver aquele ator em ação. A diferença acaba aí.

10) “Vá estudar história!”

31 de março de 1964: 10) “Vá estudar história!”


Algumas considerações.

1) Foi golpe?

2) Foi errado?

3) Foi ditadura?

4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?

5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?

6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?

7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?

8) “Ditadura nunca mais!”

9) Socialistas nutella

10) “Vá estudar história!”


Para esse desafio, eu tenho uma resposta curta: venha me ensinar.

Infelizmente, ninguém se dispôs ainda a remover o espesso véu de ignorância que me encobre os olhos. Meu humilde pedido já foi rechaçado inclusive de formas assaz agressivas.

Mas eu também tenho uma resposta mais longa. Muita gente, aqui no Brasil, imagina-se bastante instruída, especificamente em História, porque acha que aprendeu na escola e na universidade tudo o que precisava pra não ser ludibriada por essa narrativa opressora que por muito tempo alienou o povo e o manteve sob manso e resignado jugo. Pra essas pessoas, eu tenho más notícias.

Sua instrução se deu num ambiente que baniu qualquer pensamento não esquerdista há décadas. A ditadura militar fez-nos o desfavor de associar à direita tudo o que é mau, autoritário, ditatorial, ignorante, rude e desumano. Se, no conflito armado, a esquerda jamais teve chance e foi aniquilada, no embate cultural os militares levaram uma surra muito pior que qualquer 7 a 1. Pra piorar, os próprios militares, tecnocratas que eram, sufocaram toda possibilidade de surgir lideranças políticas de direita, restando, após sua saída, apenas a esquerda que voltou do exílio ou reemergiu da clandestinidade e os políticos fisiológicos, para quem direita e esquerda nada significavam, desde que eles tivessem uma teta pública em que se agarrar. Nesse ambiente, a “direita” que a esquerda combatia eram as viúvas da ditadura e o patrimonialismo fisiológico, ou seja, uma gente sem a mínima envergadura intelectual ou moral para se contrapor à nascente hegemonia da esquerda rediviva.

Assim, o que vocês se acostumaram a chamar de direita foi uma coisa amorfa, invertebrada e descerebrada, que fazia parecer que não havia vida inteligente, nem decente, fora da esquerda. Toda a produção cultural, acadêmica, pedagógica, editorial e jornalística viria a ser essencialmente de esquerda nas décadas que se seguiram. Nenhum político, por inimigo que fosse da esquerda, se declarava de direita, pois isso lhe tirava qualquer chance de ser eleito. Qualquer empresário que advogasse abertamente o capitalismo, ou o livre mercado, era execrado como um demônio de maldade a ser escorraçado do convívio dos seres humanos, porque nem gente era. Eu sei, eu estava lá, eu vi tudo isso. O capitalismo brasileiro limitou-se ao que sempre foi: o compadrio patrimonialista entre os amigos e parentes dos governantes e os empresários bem relacionados, jamais um mercado de livre competição e busca por eficiência.

Nesse ecossistema vazio de uma direita que merecesse esse nome, vocês pensam que aprenderam História, pensam que desenvolveram um “pensamento crítico”, pensam que se tornaram inteligentes e sagazes, pensam que se tornaram imunes à manipulação da “mídia” burguesa, da “versão oficial” dos fatos, essas balelas que todo militante xexelento de DCE adora relinchar. A verdade é que vocês foram doutrinados a vida inteira, e nem perceberam. Talvez nem seus professores tenham percebido que estavam doutrinando vocês, porque eles alcançaram a formação docente já integralmente doutrinados. Vocês são como peixes num recife de corais que não fazem a mínima ideia de que estão dentro d’água, simplesmente porque não suspeitam que existe uma coisa chamada não-água.

Vocês pensam que sabem História, mas a história que vocês sabem é a história contada a vocês pela esquerda, e apenas esta. Vocês não fazem ideia de que, fora do Brasil, existe um universo imenso de historiografia que passa anos-luz longe dessa porcaria que nos ensinam aqui há pelo menos uns quarenta, cinquenta anos. Vocês pensam que aprenderam filosofia, sociologia, pedagogia, psicologia, jornalismo e – pasmem, em muitos casos até – biologia, mas passaram uma vida inteira sendo ensinados a olhar o mundo segundo as lentes de filósofos, sociólogos, pedagogos, psicólogos jornalistas e – até – biólogos socialistas; no mais das vezes, esses (de)formadores eram na verdade mais socialistas do que realmente filósofos, sociólogos, pedagogos, psicólogos jornalistas ou biólogos.

Vocês não sabem do mundo intelectual que existe para além das paredes pichadas de seus câmpus de humanas. A direita que vocês conhecem é uma caricatura, que vocês chamam de fascista, embora vocês nem mesmo saibam explicar o que é fascismo. Vocês não sabem o que é a direita conservadora, porque pelo menos desde 1964 isso não existe no Brasil. Vocês não sabem o que é uma direita liberal, porque isso também não existe aqui. Vocês não sabem que existe uma direita, no mundo, profundamente comprometida com a liberdade, com a vida, com os direitos humanos, com o respeito à coisa pública, com o combate à pobreza e com o fim da miséria, e que a divergência veemente dessa direita com as várias esquerdas mundo afora se deve a que essas – a maioria viúvas do muro de Berlim – defendem ideias que, intencionalmente ou não, prejudicam gravemente a consecução daqueles valores, que vocês pensam ser coisa só de gente “do bem”, portanto só da esquerda.

Vocês não sabem que essa direita veria com horror o tipo de político e empresário que, no Brasil, se locupleta entranhado nas vísceras do Estado patrimonialista, políticos e empresários que vocês enxergam como sinônimo de direita, apenas porque, como eu já disse, eles foram os únicos que sobraram fora da esquerda após o fim do ciclo militar. Essa gente não tem nenhum tipo de formação teórica ou vivencial que os vincule aos valores da direita que descrevo aqui. Confundir as duas coisas é puro exercício de má-fé ou de estupidez.

Saciados de bem-aventurada incultura, vocês não conhecem nada da literatura liberal-conservadora, e rotulam de fascista uma direita que rejeita frontalmente tudo que fascismo e nazismo representam; pior, vocês não têm a mínima noção de que o nazifascismo que vocês tanto dizem repudiar é muito mais parecido com o socialismo, que vocês aprenderam ser a única força política do bem, do que com qualquer coisa que essa direita defenda.

A literatura de direita que vocês não sabem que existe, que vocês nunca viram nas estantes de suas escolas e universidades, é produção de intelectuais de verdade, de acadêmicos respeitados – e temidos – mundo afora: Burke, Oakeshott, Ortega & Gasset, Voegelin, David Horowitz, Scruton, Dalrymple, Thomas Sowell, Niall Ferguson, Jordan Peterson, só pra ficar numa amostra mínima. Gente cuja obra foi sonegada por décadas aos alunos brasileiros, porque seus professores eram ignorantes demais para saber que eles existiam ou, pior, eram desonestos demais para permitir que seus alunos os conhecessem. Só de uns pouquíssimos anos para cá tem havido um esforço de editoras como Record, É Realizações e Vide Editorial para traduzir grandes pensadores da direita mundial, resgatar antigos – e proscritos – nomes da tradição liberal-conservadora nacional e publicar novos pensadores da incipiente direita brasileira. Se você não leu nada disso, você não passa de um grande ignorante. E nada pior do que um ignorante que, além de se achar dono da verdade, quer “mudar o mundo” pra que este seja tão bom quanto sua ignorância diz que ele deve ser.

Eu sei. Você talvez seja uma pessoa muito inteligente. Eu não duvido disso. Mas nenhuma inteligência é páreo para a falta de informação ou, pior, para a desinformação, que é o que a hegemonia cultural e acadêmica de esquerda, socialista, tem imposto a todo o sistema educacional e editorial brasileiro. Se você realmente quer saber o que aconteceu em 1964, em toda a história do Brasil, na história do mundo, no esforço incansável da esquerda militante para sequestrar as consciências individuais, coletivas e nacionais desde que Marx e Engels escreveram, em 1848, “Um espectro ronda a Europa…”, eu sugiro que você esqueça o que “seu professor de história” lhe disse e lhe faço um apelo:

– Vá estudar!


PS: Se quiser, eu ajudo.

domingo, 7 de abril de 2019

Fracassos que superam os maiores sucessos

"Ele poderia ter ficado em casa na Macedônia, casado, criando uma família. Ele teria morrido como um homem notório. Mas esse não era Alexandre. Toda a sua vida, ele lutou para se libertar do medo e, por isso, somente por isso, se tornou livre, o homem mais livre que já conheci.

"Sua tragédia foi sua crescente solidão e sua impaciência com quem não podia entender. E se seu desejo de reconciliar gregos e bárbaros acabou em fracasso... Ah... que fracasso! Seu fracasso agigantou-se acima do sucesso dos outros homens.

"Eu vivi... eu vivi uma vida longa, Cadmo, mas a glória e a memória do homem pertencerão sempre àqueles que perseguem seus grandes sonhos. E o maior deles é o homem que agora chamam de Μέγας Αλέξανδρος, o maior Alexandre de todos." - Ptolemeu I Sóter (em Alexandre, filme de Oliver Stone - 2004)



Destaque

Todas as famílias da Terra

Grandes foram as civilizações da Mesopotâmia: Suméria, Acádia, Assíria, Babilônia; imortais, os seus nomes: Gilgamés, Sargão, Hamurábi, Assu...