domingo, 27 de março de 2016

Estupro coletivo

Suponhamos o seguinte cenário, nada inverossímil: moça bonita, com roupa provocativa, caminha à noite num trecho não muito recomendável da cidade. Sozinha. Acontece o “inevitável”. Ela é cercada por um bando de marginais, que a levam para um beco escuro e perpetram um dos crimes mais hediondos já inventados: um estupro coletivo. Agora vamos “ao que interessa”: de quem é a culpa?

A pergunta acima faz sentido? Não conheço mente sadia que responda “sim”. Mas conheço mentes doentes que vão além e dizem: “Da moça, claro. Ela não devia estar sozinha. Não devia estar ali. Não devia se vestir como uma vadia. Ela procurou.” Eu vou mais longe: conheço alguns argumentos morais, religiosos, sociológicos e antropológicos capazes de endossar essa opinião. Mas não vou elencá-los. Tenho mais o que fazer.

Sim, o estupro é indefensável. Estupradores são indefensáveis. Pessoas decentes, pessoas de bem, ficam chocadas quando ouvem “argumentos” que transferem para a vítima a culpa de ter sido estuprada. E é chocante mesmo. Que tipo de “raciocínio” leva uma pessoa a adotar tamanha inversão de valores? O mesmo que leva tanta gente a defender Lula, Dilma, o PT e toda essa quadrilha que estupra o Brasil há treze anos.

Que não reste dúvida quanto ao que penso: fico chocado, perplexo, atônito mesmo de ver uma pessoa, supostamente “de bem”, defender bandidos inveterados cuja culpa é tão flagrante, tão evidente que não deveria mais ser objeto de discussão. Discutir se essa gente praticou crimes ou não faz tanto sentido quanto perguntar de quem é a culpa de um estupro. Defendê-los porque houve outros antes deles é como defender um bando de estupradores porque estes não inventaram o estupro. Exigir a impunidade deles porque não são os únicos corruptos em atividade é como dizer que só se pode prender um estuprador se forem presos, ao mesmo tempo e de uma vez, todos os outros. Alegar avanços sociais pra absolver Lula e sua gangue é como defender um estuprador porque ele dirige uma ONG benfeitora da “comunidade”. Acusar imprensa, polícia, ministério público e justiça de perseguir o PT e seu governo é como exigir que notórios estupradores sejam deixados em paz a menos que se achem almas puras e imaculadas para testemunhar contra eles.

Eu sei muito bem que não faltam intelectuais, artistas, jornalistas, cientistas políticos, filósofos e o diabo a quatro recheados de argumentos contra o que acabei de dizer. Isso não me comove. Não faltam livros, reportagens, artigos, documentários, vídeos e testemunhos dedicados a defender quaisquer ideias imagináveis. Isso não as torna verdadeiras. Pessoas “inteligentes” são capazes dos malabarismos retóricos mais rocambolescos pra defender suas ideias. A intenção clara, nesses casos, é confundir, pra que ninguém saiba direito o que pensar.

Mas não é preciso ficar refém da confusão. Pra não se perder nesse cipoal de “narrativas”, palavrinha cara às esquerdas focaultianas, basta ter claros alguns princípios. Um deles: a culpa de um estupro não é da vítima; é do estuprador. Outro: a culpa do amontoado de crimes que o PT cometeu ao longo de todos esses anos não é das vítimas desses crimes; não é dos cidadãos que querem ver essa gente fora do governo e, de preferência, na cadeia; a culpa é deles.

Que os culpados paguem.

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