Publicado em Veja.com
Eu sabia que seria assim. Enquanto a militância a soldo se vale de ilações, sofismas, falácias e conspirações, jornalistas de verdade investigam, apuram, conferem e publicam o que é de interesse público. Nada poderia ser mais importante para o público, na antevéspera da eleição, do que a notícia de que Lula e Dilma sabiam de tudo. Se o doleiro mentiu, não cabia à revista decidir. Cabia informar que o criminoso mais entranhado no esquema denunciou os dois. Ao público - e eleitores - cabia decidir se a divulgação de tal denúncia era crível e relevante para definir seu voto. E o eleitorado decidiu.
Desde sempre considero nossa lei eleitoral uma forma grotesca de censura que só protege a reputação dos políticos durante a campanha, privando os cidadãos de informações essenciais para formar sua opinião. Isso tem de mudar! O direito do público à informação tem de prevalecer sobre o direito de preservar a imagem de quem dá a cara a bater na vida pública. Existe judiciário pra reparar eventuais erros. Quem perde uma eleição não perde necessariamente o emprego nem o direito de continuar na vida pública. A menos que seja condenado. Já o povo votar em criminosos cujos delitos ficam escondidos sob uma lei eleitoral feita por políticos para proteger políticos... Isso é inadmissível.
(...)
Abaixo a transcrição oficial do depoimento de Yousseff, à disposição dos leitores no site do Ministério Público Federal, em que o doleiro afirma às autoridades exatamente o que VEJA publicou em sua capa de 29 de outubro de 2014:
"Alberto Youssef (Termo de Colaboração 02) afirmou que, em
complementação ao termo de declarações realizado na data de ontem, o
declarante gostaria de ressaltar que tanto a presidência da Petrobras
quanto o Palácio do Planalto tinham conhecimento da estrutura que
envolvia a distribuição e repasse de comissões no âmbito da estatal;
que, indagado quanto a quem se referia em relação ao termo "Palácio do
Planalto", esclarece que tanto à Presidência da República, Casa Civil,
Ministro de Minas e Energia, tais como Luis Inácio Lula da Silva,
Gilberto Carvalho, Ideli Salvatti, Gleisi Hoffman, Dilma Rousseff,
Antonio Palocci, José Dirceu e Edson Lobão, entre outros relacionados;
que esclarece ainda que eram comuns as disputas de poder entre partidos,
relacionadas à distribuição de cargos no âmbito da Petrobras, e que
essas discussões eram finalmente levadas ao Palácio do Planalto para
solução; que reafirma que o alto escalão do governo tinha conhecimento;"
(...)
Leia o editorial completo aqui.
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