Algumas considerações.
1) Foi golpe?
Sim, foi golpe.
Os que teimam que não foi fazem-no por burrice.
Acham que reconhecer que foi golpe é o mesmo que dizer que foi
errado, e essas pessoas acham que não foi errado porque a
intervenção militar contou com o apoio massivo da população, da
imprensa e da Igreja, além de ter sido referendado a posteriori
pelo Congresso, o que caracterizaria um ato político perfeitamente
legítimo.
Ocorre que a definição de golpe não embute juízo de
valor. Se foi “certo” ou “errado” é uma questão de opinião,
dos valores cultivados por quem julga o fato. O fato em si, enquanto
apenas descrito e classificado no conjunto dos fenômenos políticos,
encaixa-se perfeitamente na definição de golpe de Estado, que se dá
quando um ente de dentro do próprio Estado (no caso, as Forças
Armadas) assume o poder por meios que violam as normas
constitucionais. Na falta de um bom texto de ciência política,
consulte o Aulete e o
Priberam.
Ora, a
intervenção militar de 1964 deu-se à margem da lei, da
constituição, da ordem jurídica. Que as demais forças sociais
tenham concordado com aquela violação apenas significa que a
sociedade não mais acreditava na lei como salvaguarda de seu
bem-estar. Isso em nada muda o fato de que a intervenção militar
foi, no fim das contas, ilegal. E que foi, portanto, golpe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário