Algumas considerações.
1) Foi golpe?
2) Foi errado?
3) Foi ditadura?
4) O regime militar salvou o Brasil do comunismo?
5) Ter combatido o comunismo redime o governo militar de seus crimes?
6) Golpe é golpe. É sério que não é errado nem certo?
7) Havia alternativa ao golpe e à ditadura militar?
8) “Ditadura nunca mais!”
9) Socialistas nutella
10) “Vá estudar história!”
Para esse desafio, eu tenho uma resposta curta: venha me ensinar.
Infelizmente,
ninguém se dispôs ainda a remover o espesso véu de ignorância que me
encobre os olhos. Meu humilde pedido já foi rechaçado inclusive de
formas assaz agressivas.
Mas eu também tenho uma
resposta mais longa. Muita gente, aqui no Brasil, imagina-se bastante
instruída, especificamente em História, porque acha que aprendeu na
escola e na universidade tudo o que precisava pra não ser ludibriada por
essa narrativa opressora que por muito tempo alienou o povo e o
manteve sob manso e resignado jugo. Pra essas pessoas, eu tenho más
notícias.
Sua instrução se deu num ambiente que baniu
qualquer pensamento não esquerdista há décadas. A ditadura militar
fez-nos o desfavor de associar à direita tudo o que é mau, autoritário,
ditatorial, ignorante, rude e desumano. Se, no conflito armado, a
esquerda jamais teve chance e foi aniquilada, no embate cultural os
militares levaram uma surra muito pior que qualquer 7 a 1. Pra piorar,
os próprios militares, tecnocratas que eram, sufocaram toda
possibilidade de surgir lideranças políticas de direita, restando, após
sua saída, apenas a esquerda que voltou do exílio ou reemergiu da
clandestinidade e os políticos fisiológicos, para quem direita e
esquerda nada significavam, desde que eles tivessem uma teta pública em
que se agarrar. Nesse ambiente, a “direita” que a esquerda combatia eram
as viúvas da ditadura e o patrimonialismo fisiológico, ou seja, uma
gente sem a mínima envergadura intelectual ou moral para se contrapor à
nascente hegemonia da esquerda rediviva.
Assim, o que
vocês se acostumaram a chamar de direita foi uma coisa amorfa,
invertebrada e descerebrada, que fazia parecer que não havia vida
inteligente, nem decente, fora da esquerda. Toda a produção cultural,
acadêmica, pedagógica, editorial e jornalística viria a ser
essencialmente de esquerda nas décadas que se seguiram. Nenhum político,
por inimigo que fosse da esquerda, se declarava de direita, pois isso
lhe tirava qualquer chance de ser eleito. Qualquer empresário que
advogasse abertamente o capitalismo, ou o livre mercado, era execrado
como um demônio de maldade a ser escorraçado do convívio dos seres
humanos, porque nem gente era. Eu sei, eu estava lá, eu vi tudo isso. O
capitalismo brasileiro limitou-se ao que sempre foi: o compadrio
patrimonialista entre os amigos e parentes dos governantes e os
empresários bem relacionados, jamais um mercado de livre competição e
busca por eficiência.
Nesse ecossistema vazio de uma
direita que merecesse esse nome, vocês pensam que aprenderam História,
pensam que desenvolveram um “pensamento crítico”, pensam que se tornaram
inteligentes e sagazes, pensam que se tornaram imunes à manipulação da
“mídia” burguesa, da “versão oficial” dos fatos, essas balelas que todo
militante xexelento de DCE adora relinchar. A verdade é que vocês foram
doutrinados a vida inteira, e nem perceberam. Talvez nem seus
professores tenham percebido que estavam doutrinando vocês, porque eles
alcançaram a formação docente já integralmente doutrinados. Vocês são
como peixes num recife de corais que não fazem a mínima ideia de que
estão dentro d’água, simplesmente porque não suspeitam que existe uma
coisa chamada não-água.
Vocês pensam que sabem
História, mas a história que vocês sabem é a história contada a vocês
pela esquerda, e apenas esta. Vocês não fazem ideia de que, fora do
Brasil, existe um universo imenso de historiografia que passa anos-luz
longe dessa porcaria que nos ensinam aqui há pelo menos uns quarenta,
cinquenta anos. Vocês pensam que aprenderam filosofia, sociologia,
pedagogia, psicologia, jornalismo e – pasmem, em muitos casos até –
biologia, mas passaram uma vida inteira sendo ensinados a olhar o mundo
segundo as lentes de filósofos, sociólogos, pedagogos, psicólogos
jornalistas e – até – biólogos socialistas; no mais das vezes, esses
(de)formadores eram na verdade mais socialistas do que realmente
filósofos, sociólogos, pedagogos, psicólogos jornalistas ou biólogos.
Vocês
não sabem do mundo intelectual que existe para além das paredes
pichadas de seus câmpus de humanas. A direita que vocês conhecem é uma
caricatura, que vocês chamam de fascista, embora vocês nem mesmo saibam
explicar o que é fascismo. Vocês não sabem o que é a direita
conservadora, porque pelo menos desde 1964 isso não existe no Brasil.
Vocês não sabem o que é uma direita liberal, porque isso também não
existe aqui. Vocês não sabem que existe uma direita, no mundo,
profundamente comprometida com a liberdade, com a vida, com os direitos
humanos, com o respeito à coisa pública, com o combate à pobreza e com o
fim da miséria, e que a divergência veemente dessa direita com as
várias esquerdas mundo afora se deve a que essas – a maioria viúvas do
muro de Berlim – defendem ideias que, intencionalmente ou não,
prejudicam gravemente a consecução daqueles valores, que vocês pensam
ser coisa só de gente “do bem”, portanto só da esquerda.
Vocês
não sabem que essa direita veria com horror o tipo de político e
empresário que, no Brasil, se locupleta entranhado nas vísceras do
Estado patrimonialista, políticos e empresários que vocês enxergam como
sinônimo de direita, apenas porque, como eu já disse, eles foram os
únicos que sobraram fora da esquerda após o fim do ciclo militar. Essa
gente não tem nenhum tipo de formação teórica ou vivencial que os
vincule aos valores da direita que descrevo aqui. Confundir as duas
coisas é puro exercício de má-fé ou de estupidez.
Saciados
de bem-aventurada incultura,
vocês
não conhecem nada da
literatura
liberal-conservadora, e
rotulam de fascista uma direita que rejeita
frontalmente tudo que fascismo e nazismo representam;
pior,
vocês não
têm
a mínima noção de que o
nazifascismo que vocês tanto dizem repudiar é muito mais parecido
com o socialismo, que vocês aprenderam ser a única força política
do bem, do que com qualquer
coisa que essa direita
defenda.
A literatura de direita
que vocês não sabem que existe, que vocês nunca viram nas estantes de
suas escolas e universidades, é produção de intelectuais de verdade, de
acadêmicos respeitados – e temidos – mundo afora: Burke, Oakeshott,
Ortega & Gasset, Voegelin, David Horowitz, Scruton, Dalrymple, Thomas Sowell, Niall
Ferguson, Jordan Peterson, só pra ficar numa amostra
mínima. Gente cuja obra foi sonegada por décadas aos alunos brasileiros,
porque seus professores eram ignorantes demais para saber que eles
existiam ou, pior, eram desonestos demais para permitir que seus alunos
os conhecessem. Só de uns pouquíssimos anos para cá tem havido um
esforço de editoras como Record, É Realizações e Vide Editorial para
traduzir grandes pensadores da direita mundial, resgatar antigos – e
proscritos – nomes da tradição liberal-conservadora nacional e publicar
novos pensadores da incipiente direita brasileira. Se você não leu nada
disso, você não passa de um grande ignorante. E nada pior do que um
ignorante que, além de se achar dono da verdade, quer “mudar o mundo”
pra que este seja tão bom quanto sua ignorância diz que ele deve ser.
Eu
sei. Você talvez seja uma pessoa muito inteligente. Eu não duvido
disso. Mas nenhuma inteligência é páreo para a falta de informação ou,
pior, para a desinformação, que é o que a hegemonia cultural e acadêmica
de esquerda, socialista, tem imposto a todo o sistema educacional e
editorial brasileiro. Se você realmente quer saber o que aconteceu em
1964, em toda a história do Brasil, na história do mundo, no esforço
incansável da esquerda militante para sequestrar as consciências
individuais, coletivas e nacionais desde que Marx e Engels escreveram,
em 1848, “Um espectro ronda a Europa…”, eu sugiro que você esqueça o que “seu professor de história” lhe disse e lhe faço um apelo:
– Vá estudar!
PS: Se quiser, eu ajudo.
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